FONTES HISTÓRICAS

Para que a pesquisa histórica seja possível é preciso reunir pistas, vestígios que os seres humanos do passado produziram. A essas pistas nós denominamos fontes históricas. Assim como há uma grande diversidade de temas que podem se tornar uma pesquisa histórica, há também uma grande diversidade de tipos de fonte

PRÉ-HISTÓRIA

A Pré-História é o período do passado humano ocorrido antes da invenção e uso da escrita. É uma longa fase iniciada com o surgimento dos primeiros antepassados humanos há milhões de anos e diz respeito às primeiras manifestações culturais sem registro escrito.

POVOAMENTO DA AMÉRICA

Não se sabe ao certo quando os primeiros povoadores chegaram a América, mas estudos baseados em vestidos deixados pelas antigas civilizações apontam que o continente americano teria sido ocupado por volta de vinte mil anos atrás.

SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NO BRASIL

A teoria que explica a chegada do homem às Américas faz relação aos primeiros homens, oriundos da Sibéria, que atingiram o continente através do estreito de Behring. Porém, apesar da aceitabilidade de tal teoria, foram descobertos sítios arqueológicos no Brasil que derrubam a ideia anterior. Isso porque em expedições realizadas foram encontrados vestígios de ocupação humana datados de 50 mil anos, ou seja, 30 mil anos antes daquela descrita do estreito de Behring.

domingo, 9 de abril de 2017

SÍTIOS ARQUELÓGICOS NO BRASIL


A teoria que explica a chegada do homem às Américas faz relação aos primeiros homens, oriundos da Sibéria, que atingiram o continente através do estreito de Behring.

Porém, apesar da aceitabilidade de tal teoria, foram descobertos sítios arqueológicos no Brasil que derrubam a ideia anterior. Isso porque em expedições realizadas foram encontrados vestígios de ocupação humana datados de 50 mil anos, ou seja, 30 mil anos antes daquela descrita do estreito de Behring.

A base para essa constatação foram as pinturas rupestres deixadas em paredes de cavernas e rochas. Elas retratavam a vida cotidiana, como caça, orgias sexuais, animais, entre outros. Por meio desse tipo de gravuras, percebe-se que os elementos e paisagens daquele momento se diferenciam dos atuais.

A maior concentração de sítios pré-históricos da América está situada em uma área de 129,140 hectares no Piauí, cujo tipo de vegetação é a caatinga.

Com o intuito de preservar um lugar de suma importância para o estudo da arqueologia e outras ciências afins, foi implantado, em 1979, o Parque Nacional da Serra da Capivara, dirigido pela Fundação Museu do Homem Americano, com parceria do IBAMA. Por conter grandes contribuições para o conhecimento da chegada do homem nas Américas, o lugar é reconhecido pela UNESCO como um Patrimônio Mundial da Humanidade.

Dentro do parque existem 260 sítios arqueológicos, que contêm 30 mil pinturas rupestres. Os principais temas são figuras de homens, animais, plantas e atos sexuais, o último com maior incidência.O parque é aberto para visitação. São mais de 30 sítios arqueológicos com essa finalidade: oferecer ao visitante a oportunidade de conhecer indícios vivos da existência de nossos antepassados.




Principais sítios arqueológicos existentes no Brasil

 Sítios Arqueológicos do Parque Nacional Serra da Capivara (Patrimônio Mundial da UNESCO)
   Localização: São Raimundo Nonato (Piauí)
   Pesquisa arqueológica: Pré-História Brasileira (pinturas rupestres e artefatos e vestígios pré-históricos)

 Sítio Arqueológico Parque Nacional do Catimbau
   Localização: Buíque, Tupanatinga e Ibimirim (Pernambuco)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história (pinturas rupestres)

 Sítios Arqueológicos de Inhazinha e Rodrigues Furtado
   Localização: município de Perdizes na região do Triângulo Mineiro (Minas Gerais)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (vestígios cerâmicos e líticos)

 Sítio Arqueológico de Mangueiros
   Localização: Macaíba (Rio Grande do Norte)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história no Brasil (vestígios cerâmicos, microlascas e micrólitos)

 Sítio Arqueológico Lapa Vermelha
   Localização: Lagoa Santa e Pedro Leopoldo (Minas Gerais)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira

 Parque Arqueológico do Solstício
   Localização: Calçoene (Amapá)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (pinturas rupestres)

 Sítio Arqueológico Pedra Pintada
   Localização: Pacaraima (Roraima)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (pintura rupestre, pedaços de cerâmicas, ferramentas e diversos artefatos)

 Sítio Arqueológico São João Batista
   Localização: Entre-Ijuís (Rio Grande do Sul)
   Pesquisa arqueológica: ruínas remanescentes da redução de São João Batista (fazia parte dos Sete Povos das Missões)

 Sítio Arqueológico do Lajedo de Soledade
   Localização: Apodi (Rio Grande do Norte)
   Pesquisa arqueológica: Pré-história brasileira (arte rupestre)

POVOAMENTO DA AMÉRICA


Não se sabe ao certo quando os primeiros povoadores chegaram a América, mas estudos baseados em vestidos deixados pelas antigas civilizações apontam que o continente americano teria sido ocupado por volta de vinte mil anos atrás. No entanto, vestígios encontrados em sítios arqueológicos no Brasil estimam que essa ocupação teria ocorrido a mais de cinquenta mil anos atrás. Por muito tempo os estudos sobre o surgimento e desenvolvimento do homem foram baseados em crenças religiosas, a linha de pesquisa seguida girava em torno do criacionismo.

Contudo a partir do movimento racionalista na Europa Ocidental e do enfraquecimento da Igreja Católica, outras teorias evolutivas foram sendo aperfeiçoadas pelos cientistas. Historiadores acreditam que os primeiros humanos surgiram na África e se espalharam pela Europa, Ásia, Oceania e América. Do gênero homo, o primeiro hominídeo seria o homo habilis, que viveu há 2,4 a 1,5 milhões de anos, este daria origem ao homem erectus o que segundo pesquisas iniciaria o deslocamento para os outros continentes.

Muitas especulações continuam a ser feitas sobre as origens dos homens primitivos e um dos grandes questionamentos diz respeito aos caminhos percorridos por esses homens. Abaixo conheceremos algumas teorias sobre a travessia para a América.




Qual o caminho percorrido pelos primeiros povoadores?

O Estreito de Bering

O caminho percorrido pelos primeiros povoadores continua sendo objeto de diversos debates e discordâncias entre os pesquisadores. Uns acreditam que o percurso foi realizado pelo Estreito de Bering durante o período da última glaciação quando a região teria se transformado em terra firme possibilitando a travessia da Ásia para a América. Os humanos que vieram por esse caminho não conheciam as navegações e fizeram a travessia a pé, perseguindo animais.

Outros acreditam que a viagem foi realizada através de pequenas embarcações. Vestígios como armas e fósseis encontrados próximo ao sítio arqueológico de Clóvis na América do Norte reforçariam a teoria de travessia pelo Estreito de Bering. Por muito tempo o sítio de Clóvis no Estado do Novo México, nos Estados Unidos foi considerado o mais antigo da América. Mas, anos depois da descoberta de Clóvis novos sítios arqueológicos foram encontrados por pesquisadores na América do Sul, o que colocaria em dúvida sobre qual deles seria o mais antigo.

Teoria do povoamento pelas ilhas do oceano Pacífico

Existe outra teoria que acredita na hipótese de uma travessia realizada pelo oceano pacífico, os defensores dessa ideia sugerem que o Estreito de Bering não foi o único caminho utilizado. Segundo os estudiosos, os primeiros povoadores partiram da Austrália e da Oceania, navegaram em pequenas embarcações pelas ilhas da Polinésia e chegaram até a América do Sul.

Apesar de ser a teoria menos aceita, ela comprovaria que o povoamento da América do Sul ocorreu anterior ao povoamento da América do Norte. A descoberta do sítio arqueológico de Monte Verde no Chile reforçaria essa teoria. Diversos artefatos de pedra foram encontrados nessa região e seriam pertencentes aos povos que atravessaram pelo pacífico.

PRÉ-HISTÓRIA


Pré-História é o período do passado humano ocorrido antes da invenção e uso da escrita. É uma longa fase iniciada com o surgimento dos primeiros antepassados humanos há milhões de anos e diz respeito às primeiras manifestações culturais sem registro escrito. Para investigar esse período é necessário estudar vestígios encontrados em cavernas, vales e planícies, que foram deixados pelos seres humanos que viveram naquela época, tais como fósseis, utensílios, armas e objetos artísticos. O historiador que se dedica ao estudo da Pré-História tem de contar com o auxílio de outros cientistas para obter dados precisos e verdadeiros sobre o período. São arqueólogos, paleontólogos, geólogos e muitos outros, que nos ajudam a reconstituir a cultura pré-histórica.
A Pré-História está dividida em três grandes períodos: o Paleolítico, o Neolítico e a Idade dos Metais.
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascadafoi o mais longo: durou cerca de 500 mil anos. Os seres humanos dessa época caçavam, pescavam e coletavam grãos, frutos e raízes. Eram nômades e moravam em cavernas. Vestiam-se com peles de animais, e seus instrumentos de caça ou de luta eram feitos com pedras lascadas. O domínio do fogo foi uma das mais importantes conquistas humanas desse período, porque com isso as pessoas podiam espantar os animais ferozes, aquecer e iluminar o interior das cavernas e cozinhar os alimentos.
As manifestações artísticas desse período eram gravadas, entalhadas ou pintadas em pedras e nas paredes das cavernas. A esse tipo de arte dá-se o nome de arte rupestre, encontrada no interior de cavernas na França, na Espanha e também no Brasil. São cenas retratando agrupamentos humanos e animais, parecendo cenas de caça. Acredita-se que atribuíssem às cenas de caça um valor mágico, como se elas trouxessem sorte e sucesso nas tarefas que fossem realizar.
Pedras lascadas usadas para caça e estampa de mão em parede de caverna, datadas do Paleolítico.
Pedras lascadas usadas para caça e estampa de mão em parede de caverna, datadas do Paleolítico.
O fim do período Paleolítico é marcado por mais uma conquista humana: a arte de cultivar a terra e de criar animais. Com essas descobertas, os homens deixaram de ser nômades, porque já não precisavam buscar em vários lugares condições para a sobrevivência. Com o cultivo da terra, os homens passaram a ter maior domínio sobre a natureza e a modificá-la para seu uso. Passaram a ter um modo de vida sedentário, onde estabeleceram moradias e começaram a produzir seus alimentos.
Neolítico ou Idade da Pedra Polida foi um período menos longo do que o anterior e iniciou-se com a descoberta da agricultura por volta de 10000 anos a.C. e terminou com o uso dos metais por volta de 4000 a.C. São desse período alguns instrumentos feitos com pedra polida.
Pintura rupestre do Neolítico, mostrando uma importante inovação do período - a criação de animais.
Pintura rupestre do Neolítico, mostrando uma importante inovação do período – a criação de animais.
O cultivo do solo e a criação de animais colaboraram para o aumento populacional. Isso tudo trouxe algumas consequências transformadoras da cultura que até então vinha se desenvolvendo: a divisão do trabalho, o artesanato, a estocagem de alimentos e o surgimento das primeiras vilas e cidades. Algumas inovações técnicas são da fase neolítica: a descoberta da cerâmica e da tecelagem e a invenção da roda. Datam dessa época alguns monumentos que apontam para uma certa religiosidade, oriunda de preocupações com os fenômenos da natureza que o homem não conseguia explicar ou compreender apenas com os elementos da realidade. Esse monumentos, encontrados na Grã-Bretanha, são os menires (blocos de pedra compridos, levantados no sentido vertical) e os dolmens (blocos de pedra dispostos no sentido horizontal, parecidos com uma mesa alta). Aos menires e aos dolmens os historiadores atribuem significado religioso.
Mó (peça de pedra usada para moer trigo), encontrada em todos lugares onde surgiu a agricultura.
Mó (peça de pedra usada para moer trigo), encontrada em todos lugares onde surgiu a agricultura.
O término do período Neolítico ocorreu no momento em que os homens descobriram os metais e passaram a utilizá-lo na confecção de armas, utensílios, ferramentas e joias.
Idade dos Metais é o último período da Pré-História, marcando a sua transição para a História. Teve duração curta, comparada com os períodos anteriores – de 4000 a.C. a 3500 a.C.
Esse período está dividido em outros três:
  • Idade do Cobre (ou metalurgia do cobre) – o cobre foi o primeiro metal a ser utilizado pelo homem;
  • Idade do Bronze (ou metalurgia do bronze) – o cobre foi misturado com o estanho, e o homem conseguiu produzir o bronze, utilizado na fabricação de instrumentos mais resistentes e duradouros e como material para trocas (comércio);
  • Idade do Ferro (ou metalurgia de ferro)– o ferro foi muito utilizado na confecção de instrumentos artesanais e agrícolas.
Com o desenvolvimento das atividades ligadas à metalurgia ocorreu uma divisão do trabalho mais acentuada, levando à especialização de funções. O comércio e o artesanato aperfeiçoavam-se, a população aumentava e o consumo de muitos produtos também. Foi para controlar a produção excedente da agricultura, da pecuária e da metalurgia que o homem criou um sistema de comunicação que servisse como registro permanente do que fosse estocado, vendido ou comprado. E foi assim que os homens inventaram a escrita. O simples registro para controle da produção das primeiras comunidades humanas foi o fato que determinou o fim da Pré-História e o começo da História. Era o início daquilo que se chama Civilização.

FONTES HISTÓRICAS


O QUE SÃO FONTES HISTÓRICAS ?

Fontes históricas são os documentos que o historiador utiliza para recontar fatos passados, reconstruir a história. Essas fontes podem ser visuais, materiais, escritas e orais. As fontes visuais são aquelas cujas informações estão nas pinturas, fotos, quadros, gravuras ou filmes. Os objetos utilizados pelo homem no passado constituem as fontes materiais. Vestígios de cerâmica deixados pelos povos que viveram na região amazônica, na época da Pré-História brasileira, são exemplos de fontes materiais. As fontes escritas são os mapas e documentos escritos em tempos passados, como jornais e revistas antigos. O historiador também pode fazer suas pesquisas por meio de conversas com pessoas mais velhas, ouvindo as histórias que elas têm para contar. Essas são as fontes orais. É através das relações entre as diversas fontes históricas que o conhecimento humano sobre o passado vai sendo aprofundado.




 Quando observamos a organização do tempo e das informações históricas em um livro didático, mal pensamos sobre todo o processo que envolve a fabricação daquele material disponível para estudo. O passado, enquanto objeto de estudo, não está devidamente organizado e analisado em todas as suas dimensões. Para que seja possível conhecê-lo, o historiador tem que sair em busca dos vestígios que possam fornecer informações e respostas ao seu exercício de investigação.

Sob tal aspecto, notamos que o historiador deve estar à procura constante e regular de fontes que viabilizem o seu contato com as experiências que já se consumaram ao longo do tempo. Fora desse tipo de ação, a pesquisa histórica fica sujeita à produção de suposições e julgamentos que fogem ao compromisso do historiador em conferir voz ao tempo que ele observa e pesquisa. Sendo assim, as fontes históricas aparecem como elementos de suma importância em tal caminhada.



Ao contrário do que possa parecer, o reconhecimento e uso de uma determinada fonte histórica não é naturalmente realizado por aqueles que se colocam em busca do passado. Dependendo dos interesses e influências que marcam a trajetória do historiador, notamos que as fontes históricas podem ser empregadas ou não em seu trabalho. Desse modo, entendemos que nenhum historiador terá a capacidade ou disposição de esgotar o uso de todas as possíveis fontes relacionadas a um determinado evento ou tema.

Durante muito tempo, os historiadores acreditavam que o passado não poderia ser reconhecido para fora das fontes escritas oficiais. Tal critério, que perdurou até o século XIX, chegou a determinar que o tempo em que a escrita não fora dominada pelo homem ou as sociedades que não dominavam tal técnica não poderiam ter o seu passado escrito. Sendo assim, o trabalho de vários historiadores esteve preso aos documentos ou fontes escritas.

No século passado, a ação de outros historiadores e o desenvolvimento de novas formas de estudo foi gradativamente revelando que o conjunto de fontes a serem trabalhadas pelo historiador pode muito bem extrapolar o mundo letrado. A partir de então, fontes de natureza, visual, oral e sonora foram incorporadas ao conjunto de compreensão do passado. Com isso, observamos que determinados temas históricos tiveram a sua discussão renovada e ampliada para outros patamares.

Logicamente, não podemos deixar de frisar que o uso de diferentes fontes empreendeu o reconhecimento de novos desafios ao ofício do historiador. Em contrapartida, ofereceu ao historiador e ao público interessado uma oportunidade de renovar e determinar o crescimento da produção técnica, científica e didática sobre o assunto. De fato, o século XX foi marcado por um volume de publicações de temas históricos nunca antes observados em qualquer outro tempo.
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